Marilyn Monroe; uma lenda que vai muito além da moda

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Há mais de uma semana atrás (01/06) podia ser mais um dia domingo qualquer, chato e demorado a passar. Porém, essa não é uma data qualquer, porque, se estivesse viva, a bela e diva maravilhosa Marilyn Monroe estaria completando 88 anos de vida.
Estou tentando não dizer que o principal motivo de eu admirar a atriz e modelo por tantos anos é o fato que compartilhamos o mesmo signo (Gêmeos), mas já estou vendo que uma tentativa um tanto que fracassada. Desde que eu comecei a entrar em contanto com esse mundo “fabuloso” que é Hollywood, ainda quando pequena, minha mente sempre se voltava para Marilyn, para o seu glamour e charme que exaltava e para o fato que havia pelo menos uma coisa da qual compartilhávamos (o signo haha).
Marilyn Monroe me fascinava não apenas pela data de seu aniversário. A forma como andava e se portava me deixava fascinava , ao mesmo tempo em que sua falta de jeito e carisma a dividiam em duas pessoas: a mulher confiante e a menina tímida. Eu, particularmente me identificava mais com a mulher confiante (até porque desejava secretamente um dia me tornar uma), mas de forma alguma não deixava de notar aquela menina que parecia muito doce mas também desprotegida.


Eu, como menina, acreditava que era apenas a forma como Marilyn se portava na frente das câmeras, interpretando suas personagens da melhor forma que podia, e que a verdadeira face da atriz podia ser diferente atrás daquela dupla “encenação”. Hoje vejo que não estava tão enganada assim.
Nascida como Norma Jean Mortenson (nunca se soube ao certo que era o pai da atriz), Marilyn teve uma infância extremamente difícil e solitária. Sua mãe, Gladys Pearl Baker, era emocionalmente instável e não tinha condições psicológicas para cuidar da filha. Marilyn passou os seus primeiros anos de vida morando em diferentes lares adotivos, até que foi declarada, aos nove anos de idade, guarda do Estado.
A sua infância difícil explica a doçura e inocência de Marilyn a cerca do mundo a  sua volta quando atingiu a idade adulta. A falta de amor materno e a mudança constante de casas a tornaram uma garota insegura e sonhadora. Por mais que passasse a impressão de ser uma mulher confiante e segura de si mesma a todos que estavam ao seu redor. Quem tinha a oportunidade de conhecer melhor a atriz sabia que aquilo era apenas uma faixada. Ser Marilyn Monroe era encenar o seu ideal de pessoa que queria ser e a vida perfeita que sempre sonhou em ter.


Quando completou dezesseis anos de idade, a atriz/modelo se casou com um rapaz chamado Jim Dougherty, seu colega em uma fábrica de aircraft na qual ambos trabalhavam. A sua intenção ao casar com Jim tão nova não era porque o amava, mas sim uma forma de se livrar dos lares adotivos e começar, de alguma forma, uma família.
Com a chegada da Segunda Guerra Mundial, seu marido foi alistado para servir ao exército americano e Marilyn precisou ir trabalhar em uma fábrica de Radioplane OQ-2 para ajudar com as dispensas em casa.
Alguns meses depois de trabalhar na fábrica, um fotógrafo, Davis Conover, notou Marilyn e sua beleza única enquanto tirava fotos de mulheres que ajudavam no armamento de guerra que iriam estampar  uma matéria na  revista Yank (1944). Depois de conversas com a atriz, Davis pediu que ela posasse para ele para uma seção de fotos.
Marilyn, que sempre se visualizou em uma vida mais glamorosa e distante da qual precisava encarar todos os dias, não pensou duas vezes e aceitou o pedido do fotografo. Não é preciso nem dizer que logo ela começou a idealizar um futuro diferente para si após aquela seção. Marilyn nunca deixou escapar nenhuma oportunidade que fosse para alcançar os seus sonhos e conseguir a vida que sempre quis. Logo após aquela seção, Davis a chamou para outras propostas para trabalhar como modelo.


Seu marido, porém, quando voltou da guerra, não gostou da ideia em ter uma esposa modelo. Profissões como as de modelo e atriz eram encaradas de uma forma totalmente diferente naquela época (década de 1940/1950) do que hoje em dia. Mulher modelo ou atriz era considerada mulher da vida, fácil. Nenhuma mulher de respeito trabalhava no mundo do “entretenimento”, elas ficavam em casa, cuidava de seus maridos e criavam seus filhos.
Determinada a ir atrás de seus sonhos, Marilyn decidiu se divorciar de Jim para tentar a carreira de modelo.
O divórcio de Norma, de certa forma, foi responsável por transforma-la em Marilyn Monroe, a diva, atriz e modelo ícone hollywoodiano mundial. Mesmo antes de assinar seu divórcio, em 1946, Marilyn assinou um contrato com a 20th Century Fox.
Em seguida, já divorciada, seguindo a sugestão de sua agencia de modelos, tingiu seus cabelos de loiro platinado (lhe disseram que ela faria muito mais sucesso se tingisse seu cabelo dessa cor) e mudou seu nome definitivamente (pelo menos o nome artístico), para Marilyn Monroe (Marilyn porque era o nome mais elegante da época e Monroe porque era o sobrenome de sua avó materna). E assim nascia uma lenda.


O engraçado é que, seu novo nome, apesar de parecer ser um sucesso unanime, não agradava nem um pouco a atriz. Em uma entrevista, ela desabafou: “Nunca gostei do nome Marilyn. Frequentemente desejei que deveria ter permanecido com o nome Jean Monroe. Mas acho que agora está tarde demais para mudar.”
De fato, a atriz sempre viveu cercado de incertezas, desde dilemas pessoais até físicos (tinha implicâncias com cada centímetro da sua face, que iam de pequenos poros até pequenas manchas de suor.). A atriz era considerada um beldade, idealizada por homens e invejada por mulheres. No exterior, parecia uma deusa grega impossível de se quebrar. Por dentro, entretanto, sua cabeça era um turbilhão de pensamentos, carregados com negatividade, carência e tristeza. Nada lhe agradava, não sabia exatamente seus gostos, mas tinha certeza que sua transformação a tornaria a mulher perfeita. E se fosse perfeita para os outros, quem sabe dentro de sim, haveria uma aceitação também. Por isso, por mais que o nome Marilyn não lhe agradasse, sabia que causaria impacto para os outros.
O início de sua carreira foi complicado. Ela fazia apenas papéis muito pequenos e sua inconsistência na hora de atuar não lhe geravam grandes oportunidades.


Em 1947, após ser liberada do seu contrato da 20th Centry Fox, ela conheceu um outro fotógrafo, Bruno Bernard, que tirou fotos pin-up dela. As mulheres pin ups possuem uma aparência extremamente sensual e tem em um leve apelo de erotismo. Marilyn tinha a aparência e o corpo voluptuoso perfeito para ser esse tipo de modelo, e, como sua carreira de atriz não estava vingando, resolveu aproveitar essa oportunidade.


Diferente de atrizes como Audrey Hepburn, que é conhecida por se estilo minimalista chique (tanto dentro e fora das telas) e de sua longa amizade com Givenchy (que a introduziu no cenário fashion), ou até mesmo Elizabeth Taylor, que é famosa por sua adoração por peles, trajes de gala chiques e joias (quanto mais preciosas, melhor!), Marilyn é lembrada principalmente por sua beleza, que vai, literalmente da cabeça aos pés.


O glamour que Marilyn exalta não está associada aos trajes que usa, mas sim a maneira que se move e se exibe. Ela sabe exatamente quais são seus melhores ângulos e seus melhores atributos. Marilyn é lembrada por ser uma diva sexy que exalta elegância de seu próprio ser. Por isso, não poderia haver ninguém melhor para estampar a capa da primeira edição da Playboy, se não ela mesma, em Dezembro de1953.


Os seus trabalhos de modelo e sua transformação completa em uma nova mulher aos poucos começaram a chamar a atenção dos principais produtores de Hollywood. A sua habilidade para comédia combinada com uma sensualidade que misturava confiança e ingenuidade a levaram a conquistar papéis de destaque.


De 1953 á 1955, Marilyn passou a dominar as telas do cinema.
Em “Gentleman prefer blondes” (“Os homens preferem as loiras”), 1953, ela mostrou o poder das loiras e tornou o vestido rosa de gala (finalizado com luvas e diamantes, é claro) um ícone  na moda (como diziam no filme Mean Girls: “On Wednesday we wear pink!).
Além disso, ela, deu inspiração para Madonna, em 1985, para criar toda uma persona para o clipe da sua música “Material Girl”. Aliás, a sua personagem no filme não deixa de ser uma “material girl”, já que sua meta é ter um homem com posses para ter uma vida boa. Sempre, é claro com um humor que a transformavam em mulher poderosa mas um tanto que desengonçada.


No mesmo ano, a atriz fez um outro filme voltado para o mesmo tema: Homens+ dinheiro= vida boa.
Em “How to marry a milionaire” (“Como agarrar um milionário”), 1953, Marilyn e suas amigas (as atrizes Betty Gabrel e Lauren Bacall) alugam um apartamento de luxo em Manhattan com a ideia de atrair  homens ricos. O plano até que dá certo, já que cada uma consegue encontrar um milionário para chamar de seu. Entretanto, como em qualquer filme romântico, nenhuma das mulheres consegue seguir com seu objetivo já que a única coisa que faltam em seus relacionamentos é o amor. No final cada uma casa-se com o homem que ama.


O figurino do filme, que  é voltado para mostrar suas curvas, sua pequena cintura e seu belo busto, é recheado de vestidos de baile decotados, roupas casuais justas e o famoso sweater da época que contornava cada curva das mulheres, lhes deixando com um ar de sedutora mas relaxada.


Em 1955 Marilyn Monroe fez um filme que provavelmente foi um dos grandes fatores de influência para tornar a estrela uma lenda do cinema, e só bastou apenas uma cena. A comédia “The Seven Year Itch”(“O pecado mora ao lado”), que é considerada uma das grandes comédias do cinema de todos os tempos, consagrou Marilyn como atriz e colocou o vestido plissado marfim na história da moda.


A cena em que o seu delicado vestido é assoprada no meio da rua (Lexington Avenue com a rua 52, Nova York) por um jato de ar que sai de uma grade de metro se tornou um ícone da cinematografia mundial e afirmou Marilyn como umas das mulheres mais sedutoras e sem jeito que o mundo já viu.
O mais curioso dessa cena é que, quando filmada, foi vista por mais de duas mil pessoas que aguardavam no set de filmagens ansiosamente para ver a atriz em ação. E ela realmente não decepcionou ninguém. Bom, quase ninguém.


O que Marilyn tinha de recatada e tímida em sua vida privada, ela compensava com muito bom humor e desinibição na frente das câmeras. Quando ela entrava em cena, não tinha para ninguém. O mundo todo se voltava para a atriz e esperava para ver seu próximo passo. E ela adorava. Parecia que na frente de todos, ela se transformava naquela pessoa que não conseguia ser em sua vida real. Ela não tinha vergonha de ser ela, mesmo que isso significasse ser absolutamente ridícula. Marilyn parecia se tornar uma pessoa mais feliz, que queria ver todos rindo ao seu redor.
Entretanto, essa sua desinibição em público não agradava seu marido da época, o lendário jogador de baseball, Joe DiMaggio. O fato que incomodava o jogador não era a cena em si, mas sim a forma como Marilyn se portou naquele dia diante de todas as pessoas.


O grande motivo que a levou a ter tanta desenvoltura para interpretar uma loira burra, engraçada mas extremamente sensual era porque, por ter sido abandonada quando criança, ela precisava constantemente chamar a atenção, já que, foi tão difícil conseguir um mísero gesto de amor quando pequena. Agindo da forma que agia ela não apenas se libertava como pessoas, mas também fazia com que todos ao seu redor a amassem, mesmo que, acabasse sozinha no final.


Marilyn se tornou uma lenda por sua sensualidade e por seu timing para comédia. Imaginem, uma loira com aparência perfeita e com um senso de humor para não colocar defeito e ainda um tanto que desajeitada? Apenas ela para conseguir que todas essas caraterísticas não abalem esse seu lado sensual tão potente.


O sua sensualidade, foi posta em Hollywood como um ideal. Ela criou um padrão de beleza que todas as atrizes deveriam seguir. Usava roupas tão justas que elas precisavam ser costuradas em seu corpo e sem roupa de baixo (ela foi inclusive costurada em um vestido transparente e com 2.500 mil brilhantes, no qual cantou “Happy Birthday to you” para o presidente Kennedy em 19 de maio de 1962).


Esse ideal não apenas perseguia as outras atrizes, como a própria Marilyn. A pressão que ela teve em seus últimos anos de vida era para ser perfeita, agir de forma tola e fazer todos rirem apenas aumentava a sua depressão.
 Marilyn sempre será eternamente lembrada por sua beleza, e, infelizmente, por sua infelicidade e insegurança. Esse são sempre temas que até hoje cercam a vida da atriz, mesmo depois de seu falecimento.  

Na realidade, Marilyn deve ser lembrada como uma mulher que se orgulhava de suas curvas, fazia todos rirem por querer também para si uma vida mais alegre e despreocupada e que marcou uma geração por ser absolutamente ridícula.




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