Quem somos nós para julgar a moda? E a ajuda das Patricinhas de Beverly Hills e de Iggy Azalea para simplificar a minha opinião

/
0 Comments

O que mais gosto na moda é o quanto ela é mutável e imprevisível.  Nós, seres humanos, somos os responsáveis por mudar os seus caminhos, através de nossas ações e como nos relacionamos uns com os outros em uma sociedade.
Somos seres complexos, cada um tem suas manias, defeitos, qualidades e opiniões próprias acerca de diferentes assuntos. As pessoas são atraídas por aqueles que possuem características semelhantes com as delas. Acho que aquele papo todo de que os opostos se atraem, na realidade, é pura ladainha.  Porque, se isso fosse verdade, de onde teriam surgido as tribos? De onde o grunge, punk e os hippies teriam saído? São as tribos responsáveis por fazer brotar em cada indivíduo a necessidade de pertencer a um grupo também. Aliás, passamos a nossa vida toda nos definindo, e nada mais satisfatório quando encontramos outras pessoas com os mesmos gostos, ideias e até mesmo pensamentos confusos sobre o futuro. É como se finalmente tivéssemos definido qual é a nosso papel em uma sociedade.
É a partir desse movimento das tribos em que nascem as tendências, que não é nada mais do que a concretização do desejo de pertencimento das pessoas. Por existir várias tribos, existe, portanto, várias tendências.


Hoje, graças a internet, misturar diferentes estilos não é mais novidade. Graças ao mundo da web, é difícil garantir que existem ainda tribos. Por termos tantas informações ao nosso alcance, fica fácil encontrar diversos assuntos e diferentes tipos de pessoas ao redor do mundo, consequentemente, é possível se encaixar em várias tribos ao mesmo tempo. Não fazemos mais parte de uma tribo, todos estão envolvidos no mesmo grupo, no universo virtual.
E é ai que eu entro no meu ponto de interesse. Como uma boa amante da moda, tento me manter a parte das novidades que rolam em seu mundo, e, é claro, também tento experimentar de tudo um pouco. Como falei nesse post aqui, sempre tive dificuldade em me encontrar como pessoa, e para mim, a moda foi uma forma que eu achei para me expressar.  Por muito tempo tentava afirmar comigo mesma que precisava achar um estilo, que, assim, de uma certa forma, o resto ia se ajeitando com o tempo (bem mágico esse meu pensamento, hein? Hahaha), ou seja, acharia uma tribo para chamar de minha.


Com a invasão do Facebook, do Instagram (e o “over sharing”, onde tem pessoa que  posta até a marca da calcinha) e de diversos blogs de moda em nossas vidas, percebi que teria que ir levando e me adaptando com as mudanças constantes e intensas que o mercado da moda estava tendo graças a popularidade que essas plataformas estavam ganhando.


O engraçado é que, por mais que tenhamos acesso a assuntos de todos os lugares do mundo, muitos ainda mantem o mesmo pensamento fechado. No Brasil, por exemplo, muitos ainda te olham estranho se você sai com um adereço diferente na rua ou com uma cor mais vibrante.
Ao invés de abrir nossas mentes, viramos pessoas capazes de julgar um mero desconhecido na rua como se soubéssemos toda a sua história. Claro, não estou querendo ser radical, mas me parece que um comentário negativo sempre gera maior repercussão ou causa mais impacto do que um positivo.


Algumas semanas atrás, mudei a maneira como vejo a moda, por assim dizer. Após passar 20 dias viajando pela Califórnia, percebi que realmente, vivemos em uma única tribo criada pela internet, onde o que vale, é a disputa de quem consome o maior número de peças vindas das grandes marcas.
As marcas que aqui falo são as famosas mainsons que tanto já mencionei aqui: Chanel, Saint Laurent, Dior, etc.


Acho que cada um tem o direito de comprar o que bem entende e aonde lhe convir. Comprar na Primark de Londres ou em uma sala particular da Chanel em Dubai não faz de ninguém uma pessoa melhor.
Sempre tive na minha mente que moda está relacionado a estilo. As grandes marcas (de novo, Chanel, Louis Vuitton, Céline, etc) são responsáveis por apresentarem as tendências que virao na próxima temporada, mas não de criar estilo. O estilo, na realidade, somos nós que criamos.


Entretanto, sinto que ultimamente as pessoas olham primeiro para o que você está usando e de onde é, para depois pensar na forma como irá te tratar.  O julgamento é feito hoje através da marca de sua bolsa e não pelo o que você é.


Se aqui te julgam pelo excesso de estilo (ou pela sua tentativa de ser “ousada”, sair do convencional), lá te julgam pelo seu look “conforto” (em outras palavras, simples). O que percebi com isso, é que na verdade, nunca iremos agradar ninguém por completo. A moda está ai para podemos nos arriscar, nos descobrir e não ter medo de errar.



A moda, para mim, é feita por todos aqueles que esta dispostos a experimentar. O grunge, o punk e os hippies só nasceram porque alguém esteve disposto a sair do convencional, cansado de seguir as mesmas regras. Ives Saint Laurent, por exemplo, repudiaria o comportamento de muitos. Criador do terno feminino e revolucionário inconsciente do movimento feminino, o que o mestre menos tinha era medo de se arriscar.
Por isso, não vim aqui para criticar, só para organizar meus pensamentos tão tumultuados, muito parecido com a moda. Acho que estamos em tempos de celebrar a liberdade que temos de ser quem somos e comemorar o mercado da moda como ele é hoje.
E como a tudo na vida tem dois lados, não foi só novas conclusões que tirei sobre a moda. Aprendi muito com as pessoas que vivem em Los Angeles e San Francisco, tentei entender suas peculiaridades e apreciar o quanto iguais podemos ser, mesmo morando do outro lado do mundo. Criei um novo respeito por uma certa estilista e um famoso ídolo do rock e pela indústria cinematográfica, o que espero compartilhar aqui em breve. 




You may also like

Nenhum comentário:

Tecnologia do Blogger.

Blog Archive