#FlashBackFriday: Ossie Clark e Celia Birtwell x Valentino

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Uma vez um químico francês do século 18, chamado Antoine Lavoisier, disse: “Na Natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.
Acho que o que ele disse é algo que pode ser aplicado há diversas coisas na vida, não apenas a questões acadêmicas (sim, estou me referindo a moda). Volta e meia nos deparamos com algo que nos faz pensar de imediato: “deja vú!” e não temos certeza no que exatamente o estilista/marca estava se inspirando quando criou uma coleção. Numa determinada época, quem sabe? Em uma paisagem de tirar o folego? Em uma cultura singular de algum país exótico? Pode até ser. Entretanto, acredito que sua inspiração pode vir de um outro lugar, do inconsciente.


Se tem uma coisa que acredito, é que, tudo na vida vai e volta. É algo inevitável. As tendências são um forte exemplo do que me refiro. Elas são nada mais do que um estilo proveniente de algum grupo seleto de pessoas que atraiu as massas, se tornando, dessa forma, algo que esta na “moda”. Só que as tendências não são um fenômeno isolado em uma determinada década, porque, elas sempre voltam a superfície depois de algum tempo, a única diferença, é que elas são transformadas em algo novo para se ajustar ao novo período. Então, quando uma tendência é criada, ela sempre irá aparecer novamente no mundo fashion.  É o caso dos hippies, dos punks, o estilo andrógeno, etc. Elas tem um ponto de início, porém, na maioria dos casos, nunca chega a ver a linha do fim.
Por isso é comum nas revistas/sites/blogs de moda e afins se referindo a uma coleção como: inspirada na moda dos anos 1940, com uma pegada “hippie chique” dos anos 1970, etc.
Não é que seja cópia ou algo do gênero. Nada disso, é apenas algo que esta no nosso inconsciente. Vivemos hoje, em uma época em que dificilmente se cria, mas facilmente se transforma.
Então, não é a toa que, ao olhar os vestidos magníficos da Maison Valentino, tive aquele sensação de “já vi isso antes”.
A coleção primavera-verão Valentino ready-to-wear tem aquele estilo boêmio chique despretensioso que lembra muito os looks criados por Ossie Clark e Celia Birtwell.


(Valentino Spring 2015 Ready-to-wear)


(Sketches de Celia Birtwell, 1969)

Ossie Clark (1942-1996) e Celia Birtwell (1941-) podem não ser muito lembrados hoje em dia no mundo da moda, entretanto, não era o caso nas décadas de 1960 e 1970.
Ossie e Celia se conheceram em 1959, quando eram estudantes em Manchester e se casaram em 1969. Três anos antes, em 1966, Ossie, que inicialmente trabalhava sozinho, havia iniciado uma parceria criativa com uma loja do bairro de Chelsea, a Quorom.


(Ossie Clark e Celia Birtwell)

A dona da Quorom, Alice Pollock conheceu Ossie em uma festa e topou fazer  uma parceria com ele. Pollock encomendou uma coleção inteira de Clark que contava com vestidos brancos e beges de chiffon, que acabou se esgotando de imediato.
Depois do sucesso estrondoso, Alice Pollock sugeriu que Ossie fizesse seus vestidos junto de sua mulher, Celia Birtwell, que desenhava lindas estampas em tecidos. O resultado foi uma coleção de vestidos que juntava o glamour casual com a moda hippie chique da época. A pareceria entre marido e mulher foi perfeita e as vendas de sua nova coleção como “sócios” foi um verdadeiro sucesso.


(Ossie Clark para Alice Pollock)

Birtwell sempre considerou Ossie o gênio da marca, afirmando apenas trabalhar junto ao mestre. Ela se orgulhava que o marido sabia vestir diferentes corpos femininos, que iam das magricelas as mais gordinhas. Ela ia além de uma diva para Clark, pois, quando trabalhavam juntos, eram como se fosse dois gênios trocando ideias.
O estilo hippie glamuroso de Ossie casava perfeitamente com as estampas românticas e femininas de Celia, formando, dessa forma looks com o ar de teatralidade que Clark tanto queria.
Celia Birtwell sempre foi a grande força por trás da marca que tinha com o maridos. Enquanto ela ficava em casa criando novas estampas e desenhando em cima de tecidos, seu marido Ossie saia para se divertir com a turma do Chelsea, sempre regada a drogas. Ossie Clark era o rosto da sua marca, Celia Birtwell era o cérebro.
Esses sinônimos, convenhamos, podem ser muito bem aplicados a Valentino, que tem transformados o estilo hippie chique em algo extremamente sofisticado mas ainda assim romântico e feminino.




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