Xadrez: do guarda-roupa dos escoceses ás passarelas de Paris.

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(Mistura de diferentes cores de xadrez em um mesmo look- overdressed? Foto tirada do site de street style finlandês Hel Looks)

Por muito tempo, no meu guarda- roupa sempre contou com pelo menos três camisas xadrez, todas da Forever 21(eu sou simplesmente apaixonada por camisas!). Aqui onde moro (Porto Alegre), algumas coisas são difíceis de se achar. Macacão jeans(que é uma peça que estou loucamente procurando), por exemplo, pode ser achado muitas vezes apenas na Zara, quando faz parte das novas coleções.  Aqui muitas das lojas seguem as tendências que mais se destacam no mercado de moda, seguindo, muitas vezes, o que é ditado como “hit” pelas blogueiras e as revistas mais populares de moda; por isso, as vezes, se torna difícil achar determinadas peças que você ama/precisa/deseja, mas não fazem parte das novidades que andam bombando no cenário fashion.
Quando descobri a Forever 21 (tinha 16 anos -5 anos atrás-, não sabia de nada!), meu mundo –fashion-, por um tempo, mudou. Casacos, camisas, calças, etc, para todos os gostos e idades. Havia diversas tendências em um só ambiente, qualquer gosto peculiar é colocado em foco nessa fast-fashion. Sempre que viajava fazia a festa na loja, levando diversas peças de roupa. Entretanto meus tempos de adolescente passaram e descobri que realmente, apesar de ser uma loja bem “servida” de peças diferente, qualidade é MUITO melhor que quantidade. Minhas camisas xadrez, por mais lindas que fossem, não duraram muito, logo me vi com camisas furadas e que se amaçavam com muita facilidade. Resolvi vender todas elas e nem pensei mais em comprar outras para repor as que eu vendi.
No início desse ano para cá, venho notado que o xadrez(não apenas em camisas), voltou a circular no mercado da moda com mais frequência. Como sou extremamente curiosa, resolvi dar um “giro” pelo mundo cibernético. Estava interessada em descobrir o porque dessa nova popularidade instaurada pelo xadrez e porque havia tantas pessoas usando camisas amarradas em suas cinturas, como se fizessem parte do movimento de rock ou grunge (mesmo seus estilos não refletindo essas “tribos”).
Não estava preparada para o que estava por vir. Diante de meus olhos, como em uma explosão, veio ao meu encontro o nome de diversas marcas como Marc Jacobs, Moshino, Chanel, Saint Laurent, Gucci, Versace, Stella McCartney, Céline, entre tantas outras, utilizando do xadrez em suas coleções.
O motivo, então,  dessa estampa ter ganhado foco no mundo “fashion” é porque marcas consideradas “must have” entre as fashionistas haviam adotado essa estampa. Cada marca tem a sua história a contar na passarela. Muitas (como a Saint Laurent) fizeram quase que um revival do rock n’roll e do grunge. Outras (como a Céline e a Stella McCartney) apenas utilizaram do xadrez em seus casacos “oversize” e em sais midi, revitalizando os anos 90. As inspirações das grifes são fáceis de entender e simples de adaptar no dia-a-dia. Entretanto, a história que ficou no ar foi a da própria padronagem. DE ONDE VEIO E QUAL É A RELEVANCIA DO XADREZ? Vamos descobrir?
O xadrez tem uma história muito antiga, e, até eu preciso admitir que não sabia metade do legado que carregava. (Shame on me)
O xadrez surgiu, na realidade, como uma alternativa ao Tartan. O Tartan, que surgiu no século XVI na Escócia, era mais do que um padrão geométrico. Na realidade, o tartan é uma assinatura, uma espécie de brasão para os clãs escoceses (cada clã tinha o seu). Porém, devido a guerra com os britânicos no mesmo século, foi banido durante trinta e sete anos, porque alegavam que ele  era sinal de rebeldia. Depois desse fato, o tartan perdeu seu sinônimo de status entre os escoceses. O Tartan hoje, é utilizado também como assinatura (desde 1920) pela marca britânica Burberry.


(O ator escocês Sean Connery usando o tradicional kilt. Na Escócia os kilts eram utilizados pelos guerreiros e batedores dos clãs escoceses.)

O xadrez se difere do tartan nas linhas que formam o são padrão geométrico. Historicamente, ele remete  a Idade de Ferro (700- 500 a.c), que se refere ao período em que o ferro é utilizado como metal.  Por muitos anos foi considerado “uniforme” dos lenhadores nos EUA e Canadá. Em 1990, ele é adotado pelo movimento grunge e se torna peça ícone entre os participantes desse movimento. O percursor do movimento grunge, que destacava o xadrez em suas criações, é o (hoje) renomado estilista americano Marc Jacobs. Em 1993 Marc assina uma coleção grunge para a Perry Ellis. Por causa dessa coleção, Jacobs acabou sendo demitido.



(Coleção polemica de Marc Jacobs para Perry Ellis)

Bom,  xadrez hoje pode ser incorporado tanto em looks mais casuais como em algo mais “elaborado”, como em festas, por exemplo. Com tantas tendências de diferentes culturas aparecendo no mercado de moda, é difícil definir qual novidade pertence a qual “tribo. Vivemos em um mundo onde “esta tudo junto e misturado”. O xadrez não pertence mais a um só estilo, dependendo da forma como é usado, pode pertencer a diferentes grupos.

PEQUENO PENSAMENTO Á PARTE: 

Engraçado em pensar que um estilo (Rock e o Grunge), tão exaltado nos dias atuais no mundo fashion, um dia causou tanta controvérsia por causa de sua conotação social. Bom, é preciso levar em consideração que o apelo social saiu desse estilo, a maioria das pessoas nem sabe o que está vestindo (Camiseta dos Ramones sendo confundida com nome de marca aff), apenas segue a “onda”.


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