O tênis e a alta costura

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(O desfile da Chanel fechado com chave de ouro. A top model -vida loka- da momento Cara Delevinge de noiva, tendo o véu carregado pelo fofo Hudson Kroenig, afilhado de Karl - oh garoto sortudo- e filho do muso do kaiser, Brad Kroenig)

Preciso confessar que estava com medo de não ter muito o que falar essa semana por falta de assunto/polemica (não contando a do Justin Biber haha), mas dai lembrei que essa semana estava ocorrendo em Paris os desfiles de primavera-verão das principais Maisons de alta costura (Chanel, Dior, Jean Paul Gautier, Viktor and Rolf, Armani, Elie Saab, etc), então resolvi dar uma olhada pela net, já que sempre há alguma coleção da temporada que dá o que falar (tirando Elie Saab, ele não cria tendência, ele cria arte. Ain, lindo <3). Por mais que sempre apareçam novas tendências, para mim esses desfiles sempre são um tanto previsíveis.
Não me levam a mal, adoro (tá, amo <3 <3) moda e acho que sem os desfiles não seria possível separar o que realmente irá se transformar em moda ou o que ficou apenas como tendências mesmo (não se enganem, tendência e moda são coisas BEM diferentes!). Entretanto, como a maioria das Maisons já estão há muitas décadas no mercado e seus produtos são objetos de desejos de milhares de mulheres, sua identidade, portanto, já esta consolidada. O trabalho do designer, a cada temporada, é apenas aprimorar um pouco mais uma essência que já foi formada há muitos anos. O segredo, desses designers, fica para os detalhes.
E foi nos detalhes que Karl Lagerfeld  mostrou porque o desfile da Chanel é sempre um dos mais aguardados de todas as temporadas. Entre o cenário grandioso (e excessivo, repleto de icebergs, como se estivesse em uma floresta do futuro.) e uma primeira fila recheada de celebridades super cool, Karl apresentou sua de coleção alta costura que um toque esportivo.
As modelos (todas, não importando o traje- noite, gala), desciam de uma escada estilo Art Deco (bem Hollywood dos anos trinta) usavam tênis (de renda, tweed, pérolas e python) e algumas (e agora vem a surpresa), joelheiras, caneleiras e pochetes (ewwwww!80’s alert!).




(Tres looks da coleção de primavera-verao da Chanel. O tênis se tornou peça principal do desfile. - Imagens tiradas do Style.com-)

O cenário, que precisa estra em harmonia com o conceito da coleção (história/inspiração do designer), passa a ideia que as modelos estão chegando em uma festa no pós- mundo, em um outro planeta. Acho interessante a abordagem de Karl, que vem nas última temporadas trabalhando com peças práticas para as mulheres modernas (menos em relação ao $$$, esse continua para poucas haha) que vivem em um mundo cada vez mais caótico.
Muitos estão até agora falando do desfile (não dos trajes, mas sim dos acessórios), e não é pra menos, JOELHERIAS E POCHETES! Entretanto, é preciso lembrar que a marca, desde os tempos em que ainda era comandada por sua fundadora, Coco Chanel, sempre apresentou coleções e peças a frente de seus tempo. A própria designer, quando ainda era conhecida como Gabrielle, causou furor na sociedade francesa ao usar roupas vinda do armário masculino. Na época (final do século XIX), foi algo chocante, mas que impactaria de forma profunda a mulher dos anos 20, que deixariam de usar trajes super rígidos e passariam a adotar um look mais contemporâneo, coroando sua independência.


(Coco Chanel, que desde nova, já tinha atitude)

Karl Lagerfeld, que esta na Chanel, desde 1983, é um visionário. Sua percepção sobre o mundo vai além do universo da moda. Ele não quer apenas causar, ele deseja que com suas coleções, as pessoas comecem a prestar atenção melhor ao que esta em sua volta.
Hoje, vivemos em um mundo onde não há nada que seja impossível. As mulheres, que na época de Coco, lutavam para se libertar se roupas pesadas e que as mantinham presas em seus antigos costumes. Hoje, a mulher moderna luta para se encontrar em um mar de possibilidade. Ela pode fazer tudo e isso a deixa confusa. Os caminhos são tantos que a mulher precisa agora lutar para saber qual é o seu papel no mundo, já que isso não esta mais determinado para ela.
Karl nos deu as joelheiras para sabermos que podemos cair se medo e a pochete para ter conosco somente o que é essencial, aprendendo, dessa forma, o que consideramos importante em nossas vidas. O tênis, já é outra história. Os tênis, ao contrário das joelheiras e da pochete (pergunte a alguém o que ele/ela acha de pochetes! Duvido que você irá ouvir uma resposta do tipo: ai, eu amo, são tão lindas <3! Nao, isso nunca vai acontecer!), os tênis tem diversos significados nu mundo da moda.


(Rihanna mostrando que, assim como Coco Chanel, também esta a frente no tempo, usando uma pochete Louis Vuitton. Essa foto foi tirada em 2009!Tipo, 5 anos atrás!)

Os tênis, que são calçados de sola de borracha natural, haviam sidos usados pela aristocracia para recreação desde os tempos de Henrique VIII. Nos anos 60, os tênis Keds (criado em 1916) passam a dominar o mercado de tênis, sendo usados por jovens modernas, tipo Audrey Hepburn, como uma alternativa casual. Além dos Keds, outro tênis também estava se popularizando, dessa vez entre os beatnicks, o Converse All Star de Chuck Taylor (apresentado em 1917).


(Audrey Hepburn usando tenis Keds na versao azul marinho. Look clássico e atemporal. LINDA, apenas <3)

O Converse All Star, como a maioria dos tênis, tinha a intenção de atrair atletas interessados em melhorar o seu desempenho. Em 1921, a lenda do basquete Charles “Chuck” Taylor chamou atenção para o tênis ao usa-lo em quadra. Mais tarde daquele anos, Taylor juntou-se a equipe da Converse, assinando um dos primeiros contratos de endosso de celebridade do país. Na década de 1950, o Converse aumenta sua popularidade, dessa vez  fora das quadras, graças a fama que o rock estava ganhando na época.


(Charles "Chuck"Taylor usando o famoso Converse All Star que ele popularizou)

Na década de 1960, principalmente na Costa Oeste dos EUA, o Vans sem cadarço começa ver a sua popularidade aumentar. Criado em 1966, esse sapato passa a fazer parte do movimento de contracultura, nesse caso, seguidores da cultura da praia e do oceano, entre eles surfistas e skatistas, que aderiram ao tênis graças a sua falta de adereços.


(O ator- ai, como era lindo haha- Sean Penn usou o tenis Vans no filme de 1982 "Fast Times at Ridgemont High. Ele interpretou no filme um surfista que vivia chapado)

O tênis, sempre fez parte da cultura underground, sendo usado como um símbolo de rebeldia ou independência contra a sociedade. O tênis é usado por pessoas que querem fugir dos padrões estabelecidos pelo homem e criar novas regras (Fuck the sistem!) para si próprio.
O tênis em si é uma peça que agrada a todos, de diferentes tribos, sendo usados não apenas pelo seu conforto, mas, também para manter as pessoas com os dois pés no chão quando é preciso defender suas convicções. São as marcas responsáveis por torna-los símbolos. Antigamente, era símbolo de uma geração que lutava por suas diferenças.
A Chanel hoje, o transformou em um ícone fashion. Preparem-se para ver Anna Wintour com um vestido de gala e tênis de 3 mil dólares Chanel (ah, vocês não pensavam que eles realmente ia ser baratos? Chanel não é para todas! Por mais que Karl Lagerfeld tentem vender a ideia de democratização da moda). 


P.S: Créditos ao livro maravilhoso Do tornozelo para baixo, de Rachelle Bergstein, que usei como apoio nesse post. Recomendo demais! É sobre a história dos sapatos, e como esses tem mais haver com a independência das mulheres do que pensamos.



(Será que Carrie Bradshaw aderiria aos tênis Chanel?)


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