A cultura de massa que nao faz sentido

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Não é novidade nenhuma que a indústria da moda circula em ritmo frenético, sendo comparada em muitos casos a uma selva, onde os fracos não tem chance e os mais fortes e espertos sempre se prevalecem. Acho que a famosa frase da arroz de festa top alemã Heidi Klum, dita no programa de tv Project Runway: “One day you are in, but the next day, you may be out!”(Um dia você está dentro, mas no próximo pode estar fora.), se encaixa bem no contexto do universo fashion atual (por mais clichê que possa parecer). Eu posso estar extrapolando, mas garanto que existem muitas pessoas que fazem de tudo e um pouco mais para sempre estar in nesse mercado (mesmo indo contra a seu estilo/identidade).


(Michael Kors costumava ser um dos jurados do Project Runway, famoso por seu humor nada convencional. Buscava originalidade e elegancia nos designs dos novos estilistas. Ironico ou nao, graças ao programa, suas bolsas -principalmente- se tornaram hit e passaram a fazer parte da cultura de massa.)

Hoje, vivemos em um mundo onde novas tendências precisam vir de forma constante, se tornando obsoletas no mesmo minuto no minuto que viram parte da cultura maistream.
A internet tornou tudo muito mais acessível. Estamos a um clique das últimas coleções de moda, que vão do ready-to-wear ao haute couture, não que isso faça alguma diferença nos dias de hoje.
Pessoas influentes nesse mundo fashion como a toda poderosa Anna Wintour ou bloggers badaladas como Chiara Ferragni, do blog The Blonde Salad, ou Leandra Medine, do super popular Man Repeller, tem a oportunidade e o $$$$$ para usarem peças das grifes mais badaladas e cool do momento, deixando meras mortais babando e desejando cada item ousado que elas aparecem vestindo.


(A famosa blogueria Chiara Ferragni, do The Blonde Salad, já teve vários estilos. Quem acompanha o blog da italiana desde o inicio, sabe como ela mudou. Seu estilo era muito mais caricato e confuso e seu cabelo era muito mais loiro haha. Com o sucesso e uma boa base de seguidores, seus looks sao mais uniformes e coesos. Hoje, parece ela usa o que quer e nao força a barra.)

Mas é ai que entra as grandes redes de varejo como Zara e H&M, por exemplo, que salvaram a vida de muitas mulheres comuns que não tem condições de gastar fortunas em roupas, mas não deixam de ser menos interessadas em moda do que qualquer blogger/personalidade de hollywood-it girls/editoras de moda.
A proposta dessas marcas é realizar produção rápida e continua de tendências e novidades do mundo fashion, de forma constante. Muito dos itens são considerados descartáveis, durando apenas uma estação (já que, provavelmente, na próxima, será considerado quase que história pelas fashionistas). As fast fashion, falando de forma curta e grossa, é o reflexo de mercado atual de moda.
A internet trouxe a tona pessoas mais egoístas e competitivas, que estão mais preocupadas em mostrar suas novas aquisições fashions, os lugares badalados que frequenta e como suas “selfies” são maravilhosas; do que viver a vida e aproveitar o momento (sim, é meloso o que estou dizendo. Mas para mim faz sentido. Hoje as pessoas preferem tirar foto de cada banalidade que faz –para mostrar para os outros e ganhar “likes”- do que simplesmente aproveitar o que esta ao seu redor. Pronto, falei haha).


(O Instagram se tornou um forte aliado das "fashionistas"para compartilhar o que e onde esta consumindo. Parece que virou obrigação divulgar cada compra feita.)

A moda tem se tornado uma forma de exibicionismo para as pessoas. O mercado fashion esta menos voltado para aspectos culturais e sociais e mais para fatores pessoais. As tendências estão sendo formadas a partir de gostos individuais e do que faz sucesso nos sites/blogs de moda, ao invés de descobrir o que esta acontecendo em diferentes “tribos” que existem pelo mundo.
Marca como Zara e Topshop acabam fazendo muito sucesso porque ajudam pessoas que estão a procura de se manter na moda, porém, devido a quantidade de tendências, não sabem por onde começar ou qual é a sua identidade.
Foi pensando nisso que o novo designer da grife italiana Moschino, o americano Jeremy Scott, criou a sua primeira coleção para a marca.  
Entre looks que pareciam feitos para atendentes de luxo da rede de fast food americana Mc’Donald’s que conseguiram um emprego na Chanel, modelos vestidas da cabeça aos pés de Bob Esponja e vestidos com estampas da cerveja Budweiser e do chocolate Hershey, o designer disse que sua ideia foi dar um toque de glamour ao mundo das fast fashions.


(Bolsa do Mc'Donald's  da Moschino. Servidos?)



(Alguns dos looks que chamaram mais a atenção da coleção de outono- inverno 2014 da marca)

A princípio, não gostei da coleção, achei escrachada e de mal gosto. Entretanto, depois de muito ler sobre a marca e o próprio designer, tudo me fez muito sentindo (mesmo assim, continuo nao gostando haha).
A marca italiana foi criado por Franco Moschino, em 1893. O principal conceito por trás da marca, era criar algo barato e chic, mas, com qualidade acima de tudo. Conhecida por seu design moderno, a marca se formou no mundo da moda por trabalhar sempre com estilistas ousados e inovadores. Por essa razão, quando anunciaram Jeremy Scott como nono estilista da grife, não houve nenhuma surpresa.
Jeremy se tornou conhecido na indústria por causa de sua parceira com a Adidas e sua ousadia e irreverencia em criar peças totalmente inusitadas. Ele é responsável pelos tênis com asas da marca, que estão mais voltados para o mundo artístico do que dos esportes. O estilista, que também te sua marca própria, é famoso pela sua excentricidade, não combina em nada com o mundo das fast fashions.


(Jeremy Scott entre a sua pupilo, a cantora Katy Perry, e a super excêntrica Anna Dello Russo, editora da Vogue Japão, já vestida da cabeça as pés com a nova coleção da Moschino. Essa imagem mostram os três prontos para tirar uma "seflie". Até a capa de iphone era inspiração do Mc'Donald's -as batatas fritas.)


(Jeremy Scott usou uma camiseta no desfile que diziam :"Eu nao falo italiano, mas falo Moschino". Será que fala mesmo? Ou fala a língua da mídia?)

A Moschino, que está a muitos anos no calendário da semana de moda de Milao, nunca foi uma das grifes mais aguardadas e comentadas nas temporadas de moda. Claro, por sempre estar a procura de designer com uma visão diferente do mercado, o resultado de suas coleções sempre foi considerada fofo, trazendo looks que ficariam perfeitos, por exemplo, na também fofa Zoey Deschanel (500 dias com ela <3).


(Zoey Deschanel, usando Moschino. Design bem diferente, nao? Para mim é mais inovador do que Jeremy Scott apresentou.)

Porém, é ai que vem uma dúvida. Nos dias de hoje, parece que muitas grifes/Maisons lutam para serem aceitas pelas massas para, dessa forma, acabarem nas prateleiras das grandes lojas de varejo (fast fashion). Entretanto, um designer de mente inovadora como Jeremy Scott, ao que tudo indica, esta mais preocupada em chocar o seu público selete (editores, pessoas influentes, etc) do que ser aceito pelas fast fashions.
A forma como sua coleção foi apresentando e contando com grandes editores e astros na primeira fila, Scott gerou impacto (positivo e negativo) a todos que estavam lá . Fashionistas saíram de lá com gostinho de quero mais e editoras, como a super excêntrica Anna Dello Russo, já estavam usando no dia seguinte os looks completos visto na passarela.
As redes de fast fashion procuram por tudo aquilo que viram quase que instantaneamente parte da cultura de massa. Essas redes precisam saber quais foram os desfiles que mais geraram buzz e o que as bloggers mais badaladas comentaram.  É dessa forma que se mede o quão rápido uma peça desejo entre as pessoas influentes na indústria da moda podem viraram hit entre as massas (quanto mais influente, mais seguidores se tem).
O desfile da Moschino causou um alvoroço, muitos falaram e ainda falam (olha eu aqui, quase uma semana depois!) da polémica dos looks do Bob Esponja e peças que Coco Chanel usaria se fosse viciada em tendências.



(Gisele Budchen e os famosos tenis Perkins da designer francesa Isabel Marant. O tenis se tornou um sucesso, sendo copiado por diversas marcas ao redor do mundo. Essa semana, Marant confessou que nao usa mais os seus Perkins com tanta freqüência devido há tantas cópias horrorosas que existem dele por ai. )

Só o tempo dirá se Jeremy criou tendências ou se suas criações não chegaram as massas. Se chegarem, parabéns Jeremy, você pode tentar se comparar a Andy Warhol (mas não faça isso!) ou a Isabel Marant. Porém, se suas peças não alcançarem o grande público, sinto em lhe dizer, mas você é apenas uma designer excêntrico mal compreendido. É assim que a moda funciona atualmente. Do que adiante ter estilo se não está de acordo com as tendências? 


(Coco Chanel sempre soube que os clássico sao para sempre. Tendências sao passageiras.)


P.S: Falando em compartilhar, preciso fazer o mesmo haha. Domingo tem Oscar! Vocês devem imaginar a minha felicidade, nao é? HAHAHA Essa semana ainda vou fazer algo especial sobre a cerimonia!


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